Será que devemos começar a investir nós próprios na ajuda ao desenvolvimento?

O Governo neerlandês decidiu efetuar cortes significativos no orçamento da ajuda ao desenvolvimento. Todos os anos, menos 2,4 mil milhões de euros. Esta semana foi anunciado que as ONG dedicadas à ajuda ao desenvolvimento terão de gerir um orçamento de 0,4 mil milhões de euros em vez de 1,4 mil milhões de euros.

Se dependesse do Ministro Klever do Comércio Externo e da Ajuda ao Desenvolvimento, aboliríamos completamente o apoio aos países em desenvolvimento. Em nenhum outro sítio o lema "Os Países Baixos primeiro" é mais evidente do que no orçamento da ajuda ao desenvolvimento.

O fosso global entre ricos e pobres continua a ser imenso. Este fosso reflecte-se, entre outras coisas, nas necessidades de crédito não satisfeitas das PME nos países em desenvolvimento. A IFC (International Finance Corporation) estima este chamado défice de financiamento em cerca de 5,7 biliões(!) de dólares.

Mais ainda do que no Ocidente, as pequenas e médias empresas dos países em desenvolvimento são a principal fonte de emprego e de criação de postos de trabalho. No entanto, estas empresas não têm acesso a um financiamento justo e, por conseguinte, as suas oportunidades de crescimento são limitadas. Um cínico poderia mesmo concluir que mais empregos locais seriam um excelente meio contra a migração que este Governo considera tão indesejável.

Recuso-me a acreditar que os Países Baixos se tenham tornado um país indiferente ou que, de repente, nos tenhamos tornado cegos perante a desigualdade global. Vamos unir forças e preencher o vazio que o Governo holandês vai criar nos próximos anos. Lendahand não pode fazer isto sozinho - e não tem de o fazer. Há muitos grupos que, tal como nós e os nossos investidores, se atrevem a olhar para o mundo com uma perspetiva positiva.

Para aqueles que podem pagar, esta é de longe a forma mais fácil de protesto. Pronto! Tive de desabafar.

Arno Hoogenhuizen, CEO da Lendahand, em nome de toda a equipa.